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terça-feira, 18 de junho de 2013

CARTA D@S PÓS-GRADUAND@S DA UFG AOS CANDIDATOS À REITORIA


Goiânia, junho de 2013

Prof. Orlando Amaral e Prof. Manoel Chaves,

A Associação de Pós-Graduandos da UFG (APG-UFG), entidade representativa dos/as pós-graduandos/as da Universidade Federal de Goiás (UFG), luta por uma universidade pública, gratuita, de qualidade, autônoma, democrática e popular. É lamentável o  enfraquecimento do debate político na UFG e a existência de apenas uma chapa para o processo de consulta à comunidade universitária para a Reitoria, sendo que esta representa a continuidade da gestão atual, que aceita passivamente os ataques do Governo Federal à universidade e não apoiou as lutas travadas por estudantes, professores e técnico-administrativos na greve nacional ocorrida em 2012.
Em nosso entendimento a consulta à comunidade universitária deve se dar em eleição direta e paritária, mas atualmente o Projeto de Lei do Senado 147/2004 ameaça esta perspectiva de democratização da universidade e consolidação da comunidade enquanto tal. Além disso, a autonomia universitária (constitucional e de cunho administrativo, orçamentário, financeiro, patrimonial e didático-científico) vem cotidianamente sendo atacada pelo governo e cobramos que a reitoria se posicione veementemente quanto a este tema.
A formação na pós-graduação deve ser integral e servir a sociedade, superando os financiamentos e interesses privados, sendo que na atualidade as parcerias com o setor privado visam beneficiar somente as empresas, sem preocupação com a questão social brasileira. Somos contra o papel das fundações privadas que fazem da Universidade um centro de atendimento às necessidades de mercado e não passam pelo controle público e social efetivo, configurando-se como verdadeiras “caixa-pretas”, vide os exemplos recentes da UNB e demais instituições.
A APG-UFG é independente de governos e é a favor da expansão do ensino público, mas não coaduna com a expansão que precariza as atividades e pesquisas dos pós-graduandos, centrada nos critérios de produtividade e alheia à realidade de pós-graduandos trabalhadores. Faz-se urgente a abertura das bibliotecas aos domingos, uma política de permanência voltada aos estudantes de pós-graduação com moradia estudantil para pós-graduandos em todos Campi, reestatização do Restaurante Universitário (RU) em Goiânia, com redução de preços e melhoria da qualidade da alimentação e construção de RUs nos demais campi. A Reitoria deve se posicionar pelo retorno de concurso público das funções de segurança, alimentação, transporte e limpeza, o que hoje se tornou fonte de lucro privado que exploram tais serviços nas Universidades públicas, mantendo trabalhadores/as mal pagos/as e em condições de trabalho precarizadas.
Os/as pós-graduandos/as não podem ser tratados/as pelas unidades acadêmicas e programas como mão-de-obra barata servindo de professores substitutos ou assumindo integralmente responsabilidades de disciplinas de graduação, sob o subterfúgio de cumprimento da obrigatoriedade de realização de estágio-docência.
A UFG não pode fechar os olhos para o assédio moral que acomete a relação entre pós-graduandos/as e orientadores/as ou coordenadores/as. Esta é uma questão muito séria e a pressão exercida sobre os pós-graduandos/as é cotidiana e por muitas vezes infundada. Há que se ressaltar que bolsistas ficam em uma situação muito maior de vulnerabilidade quanto ao assédio moral por terem necessidade da bolsa e medo de perderem o benefício. Solicitamos uma política da instituição de combate ao assédio moral na pós-graduação.
É de responsabilidade dos candidatos que certamente estarão à frente da nossa universidade no período 2014-2017 conhecer a realidade dos/as pós-graduandos/as e nossas necessidades enquanto pesquisadores/as comprometidos/as com a universidade.Somos contra a  adesão à EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) pela UFG, o que na prática é a entrega do Hospital das Clínicas da UFG à iniciativa e interesses privados, defendemos que a posição da Universidade seja deliberada após amplos debates, audiências e em uma Assembléia Universitária.
Defendemos que se amplie a democracia dentro da Universidade com a realização de Assembléias Universitárias para definir as questões mais importantes da UFG. Na garantia de uma universidade livre e aberta aos movimentos sociais é fundamental uma postura firme contra a presença da Polícia Militar nos Campi bem como contra qualquer criminalização dos movimentos. Solicitamos paridade em todas as câmaras e conselhos da UFG, garantidos os mesmos direitos a estudantes de graduação e pós, bem como eleições diretas, com participação paritária de todos segmentos, para coordenadores dos Programas de Pós-Graduação de cada curso.
Solicitamos o empenho da próxima gestão para a realização de processos seletivos mais transparentes para ingresso na pós-graduação, pela implementação de assistência estudantil para pós-graduandos, com acesso à creche, atendimento médico pela UFG, moradia estudantil, bolsa alimentação e outros, bem como o apoio para a realização anual do Salão da Pós-Graduação.
No âmbito da nossa universidade, almejamos que o gerenciamento da verba do Programa de Apoio à Pós Graduação (PROAP) se dê de forma mais equânime para financiamento de discentes para participação em eventos científicos, que os prazos de conclusão e prorrogação dos cursos de mestrado e doutorado sejam compatíveis com as pesquisas propostas e que, no mínimo sejam condizentes com o que é indicado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), afinal o novo regulamento dos PPG’s da UFG preconiza para os cursos de doutorado um tempo de conclusão menor (36 meses) do que o tempo indicado pela Capes, que inclusive coincide com a duração máxima da bolsa de pesquisa do nível correspondente (48 meses). Além disso, as licenças-maternidade devem ser tratadas com mais respeito pelos Programas, com a manutenção da bolsa de pesquisa durante o período. Defendemos também a prorrogação de prazos para defesas e qualificações levando em conta a paralisação das atividades acadêmicas da greve em 2012.
Por fim, esperamos que a próxima gestão se posicione politicamente junto ao governo federal, agências de fomento e ANDIFES pela gratuidade das especializações, pelo reajuste e universalização das bolsas, por uma avaliação qualitativa dos PPG’s, por direitos dos/as pós-graduandos/as (13° bolsa, bolsa defesa, licença-maternidade), pelo papel da pesquisa na solução dos problemas e na universalização de condições da sociedade e por 10% do PIB para educação pública já, excluindo-se financiamentos para educação e pesquisa privada .

ASSOCIAÇÃO DOS PÓS-GRADUANDOS DA UFG ( GESTÃO 2013-2014)


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