Goiânia,
junho de 2013
Prof.
Orlando Amaral e Prof. Manoel Chaves,
A Associação de Pós-Graduandos da UFG (APG-UFG),
entidade representativa dos/as pós-graduandos/as da Universidade Federal de Goiás
(UFG), luta por uma universidade pública, gratuita, de qualidade, autônoma,
democrática e popular. É lamentável o enfraquecimento
do debate político na UFG e a existência de apenas uma chapa para o processo de
consulta à comunidade universitária para a Reitoria, sendo que esta representa
a continuidade da gestão atual, que aceita passivamente os ataques do Governo Federal
à universidade e não apoiou as lutas travadas por estudantes, professores e
técnico-administrativos na greve nacional ocorrida em 2012.
Em nosso entendimento a consulta à
comunidade universitária deve se dar em eleição direta e paritária, mas atualmente
o Projeto de Lei do Senado 147/2004 ameaça esta perspectiva de democratização
da universidade e consolidação da comunidade enquanto tal. Além disso, a
autonomia universitária (constitucional e de cunho administrativo,
orçamentário, financeiro, patrimonial e didático-científico) vem cotidianamente
sendo atacada pelo governo e cobramos que a reitoria se posicione veementemente
quanto a este tema.
A formação na pós-graduação deve ser
integral e servir a sociedade, superando os financiamentos e interesses
privados, sendo que na atualidade as parcerias com o setor privado visam
beneficiar somente as empresas, sem preocupação com a questão social
brasileira. Somos contra o papel das fundações privadas que fazem da
Universidade um centro de atendimento às necessidades de mercado e não passam
pelo controle público e social efetivo, configurando-se como verdadeiras
“caixa-pretas”, vide os exemplos recentes da UNB e demais instituições.
A APG-UFG é independente de governos e
é a favor da expansão do ensino público, mas não coaduna com a expansão que
precariza as atividades e pesquisas dos pós-graduandos, centrada nos critérios
de produtividade e alheia à realidade de pós-graduandos trabalhadores. Faz-se
urgente a abertura das bibliotecas aos domingos, uma política de permanência
voltada aos estudantes de pós-graduação com moradia estudantil para
pós-graduandos em todos Campi, reestatização do Restaurante Universitário (RU)
em Goiânia, com redução de preços e melhoria da qualidade da alimentação e
construção de RUs nos demais campi. A Reitoria deve se posicionar pelo retorno
de concurso público das funções de segurança, alimentação, transporte e
limpeza, o que hoje se tornou fonte de lucro privado que exploram tais serviços
nas Universidades públicas, mantendo trabalhadores/as mal pagos/as e em condições
de trabalho precarizadas.
Os/as pós-graduandos/as não podem ser
tratados/as pelas unidades acadêmicas e programas como mão-de-obra barata
servindo de professores substitutos ou assumindo integralmente
responsabilidades de disciplinas de graduação, sob o subterfúgio de cumprimento
da obrigatoriedade de realização de estágio-docência.
A UFG não pode fechar os olhos para o
assédio moral que acomete a relação entre pós-graduandos/as e orientadores/as
ou coordenadores/as. Esta é uma questão muito séria e a pressão exercida sobre
os pós-graduandos/as é cotidiana e por muitas vezes infundada. Há que se
ressaltar que bolsistas ficam em uma situação muito maior de vulnerabilidade
quanto ao assédio moral por terem necessidade da bolsa e medo de perderem o benefício.
Solicitamos uma política da instituição de combate ao assédio moral na
pós-graduação.
É de responsabilidade dos candidatos
que certamente estarão à frente da nossa universidade no período 2014-2017
conhecer a realidade dos/as pós-graduandos/as e nossas necessidades enquanto
pesquisadores/as comprometidos/as com a universidade.Somos contra a adesão à EBSERH (Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares) pela UFG, o que na prática é a entrega do Hospital das
Clínicas da UFG à iniciativa e interesses privados, defendemos que a posição da
Universidade seja deliberada após amplos debates, audiências e em uma
Assembléia Universitária.
Defendemos que se amplie a democracia
dentro da Universidade com a realização de Assembléias Universitárias para
definir as questões mais importantes da UFG. Na garantia de uma universidade
livre e aberta aos movimentos sociais é fundamental uma postura firme contra a
presença da Polícia Militar nos Campi bem como contra qualquer criminalização
dos movimentos. Solicitamos paridade em todas as câmaras e conselhos da UFG,
garantidos os mesmos direitos a estudantes de graduação e pós, bem como eleições
diretas, com participação paritária de todos segmentos, para coordenadores dos
Programas de Pós-Graduação de cada curso.
Solicitamos o empenho da próxima gestão para a
realização de processos seletivos mais transparentes para ingresso na
pós-graduação, pela implementação de assistência estudantil para
pós-graduandos, com acesso à creche, atendimento médico pela UFG, moradia
estudantil, bolsa alimentação e outros, bem como o apoio para a realização
anual do Salão da Pós-Graduação.
No âmbito da nossa universidade, almejamos que o
gerenciamento da verba do Programa de Apoio à Pós Graduação (PROAP)
se dê de forma mais equânime para financiamento de discentes para participação
em eventos científicos, que os prazos de conclusão e prorrogação dos cursos de
mestrado e doutorado sejam compatíveis com as pesquisas propostas e que, no
mínimo sejam condizentes com o que é indicado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), afinal o novo regulamento dos PPG’s da
UFG preconiza para os cursos de doutorado um tempo de conclusão menor (36
meses) do que o tempo indicado pela Capes, que inclusive coincide com a duração
máxima da bolsa de pesquisa do nível correspondente (48 meses). Além disso, as
licenças-maternidade devem ser tratadas com mais respeito pelos Programas, com
a manutenção da bolsa de pesquisa durante o período. Defendemos também a
prorrogação de prazos para defesas e qualificações levando em conta a
paralisação das atividades acadêmicas da greve em 2012.
Por fim, esperamos que a próxima gestão se
posicione politicamente junto ao governo federal, agências de fomento e ANDIFES
pela gratuidade das especializações, pelo reajuste e universalização das
bolsas, por uma avaliação qualitativa dos PPG’s, por direitos dos/as
pós-graduandos/as (13° bolsa, bolsa defesa, licença-maternidade), pelo papel da
pesquisa na solução dos problemas e na universalização de condições da
sociedade e por 10% do PIB para educação pública já, excluindo-se
financiamentos para educação e pesquisa privada .
ASSOCIAÇÃO DOS PÓS-GRADUANDOS DA UFG ( GESTÃO
2013-2014)
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